O Gigante Guarani é um projeto que objetiva restaurar 200 hectares de Mata Atlântica utilizando três modalidades diferentes de restauração florestal: o plantio de árvores nativas, a condução da regeneração natural e o plantio por meio de uma técnica chamada “Muvuca”.
Segundo Pedro Jovchelevich da Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica – ABD, a “Muvuca” é um sistema de restauração agroflorestal onde são misturadas sementes de árvores nativas, adubos verdes e sementes agrícolas. Além de ser muito mais econômico o método é muito aconselhável, pois traz mais diversidade ao plantio. Além disso este sistema privilegia a cadeia de coletores de sementes. No caso deste Projeto, as redes envolvidas foram a Rede de Sementes Quilombola do Vale do Ribeira e Rede de Sementes Xingu, apoiadas pelo Instituto Socioa Ambiental – ISA que é parceiro do Gigante Guarani nesta etapa. Além destas sementes também foram utilizadas sementes feitas a partir de uma coleta realizada na região, pela equipe de pesquisadores da UNESP Botucatu e da ABD.
Foi com o apoio do ISA, da ABD e da Casa da Agricultura, que a primeira área de “Muvuca” foi implantada pelo Projeto Gigante Guarani no Sítio Vitória situado em Pardinho – SP e que pertence à família da Camila e do José Augusto Paulette. No sítio a família produz, a quatro anos, hortaliças e obtém sua renda vendendo seus produtos para a merenda escolar de Pardinho e região. Com a preocupação de preservar a diversidade, manter a área de Preservação Permanente e cuidar do leito do rio que passa em sua propriedade, Sr José aderiu ao Projeto.
O preparo da terra foi feito utilizando uma roçadeira e, com o trator, foi passado o arado e a grade. Assim que o terreno destinado ao plantio estava pronto, veio a equipe de técnicos e pesquisadores do Projeto para fazer o plantio. Foram, então, riscadas as linhas e nelas foi colocado o Yoorin, fertilizante a base de fósforo. Feito isso, três tipos diferentes de plantios de sementes nativas com adubação verde foram plantadas: a mistura de sementes sem o milho e a abóbora, um plantio com milho e outro com abóbora. Segundo o pesquisador do Projeto Richardson Barbosa, esta pesquisa na área servirá para validar o melhor método e para verificar como proceder para o controle do mato.
É importante ressaltar que, além da escolha minuciosa das sementes florestais e a sua proporção em termos de sucessão florestal, foi utilizado um Preparado Biodinâmico composto de esterco curtido no chifre da vaca e um conjunto de ervas medicinais chamado Fladen, dinamizados em água e colocados nas sementes e no plantio. Todo este tratamento com o intuito de auxiliar na germinação e na decomposição da cobertura morta.
A família do da Camila e do José está crescendo. Além da Gabriela de doze anos e do Gabriel de dois anos e meio, mais um filho está a caminho e com ele José espera que floresta de Muvuca na beira do rio cresça e dê muitos frutos e novas sementes, ajudando na preservação do futuro desta e das próximas gerações.
Estas ações fazem parte do atual projeto que é financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social- BNDES e gestão da Faculdade de Ciências Agronômicas – FCA e da Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais – FEPAF (UNESP). Quem executa o Programa Gigante Guarani desde 2006 é o Instituto Giramundo Mutuando e o Instituto Itapoty, com a parceria da Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica, entre outros parceiros. Uma das parcerias importantes está sendo realizada com o Instituto Socioambiental – ISA, que atua em diversas partes do Brasil.